segunda-feira, 26 de julho de 2010

Possível afeto


Se já não bastasse o barulho infernal, ainda tinha que acompanhar o garoto que teoricamente arruinou minha vida. Parecia maravilhado com a movimentação nas ruas e só me dizia coisas , que por mim eram consideradas irrelevantes e inconfundivelmente tolas.

A cada passo dado aparentemente o barulho aumentava e começava a me ensurdecer. Me senti mal, a ponto de desmaiar e fiquei com uma vontade incontrolável de chorar. Sem dúvida estava acontecendo algo, mas eu não podia fazer nada. Era tarde demais.

Mal tinha percebido, que eu havia parado no meio do caminho e Paul estava me olhando apavorado e dizendo algo, que apenas depois de várias tentativas consegui entender
- Você está bem? - ele perguntou com um tom estranho em sua voz.
Balancei a cabeça em resposta.

Sua expressão se suavizou, porém seus olhos ainda estavam penetrantes e ainda preocupados. Algo me fazia arrepiar, entretanto, o ar estava quente e o céu estava como um mar sem peixes.

Senti uma intensa vontade de sair correndo, mesmo não sabendo para onde ir. Me desliguei do meu mundo por alguns segundos, pois Paul logo tentou chamar minha atenção e me encarou com seus incríveis olhos azuis cristalinos, como a cor de uma água oceânica, prestes a me invadir.

Involuntariamente o abracei. Nunca imaginei que um dia faria isso. Pensei que ele se afastaria de mim ou me empurraria delicadamente para não ser rude em um momento como esse, porém aconteceu algo surpreendente. Ele não rejeitou meu abraço, e sim me envolveu suavemente em seus braços e eu encostei minha cabeça em seu ombro, já que temos uma certa diferença de tamanho. Me senti segura e reconfortada. As lágrimas não deslizaram pelo meu rosto, pois fiz o impossível para segurá-las. Tinha que ser forte e não ficar frágil como um vidro, que se derrubado, se quebra em mil pedaços.

Nunca pensei que Paul iria fazer algo assim, talvez como uma demonstração de afeto ou de que eu tivesse alguma importância para ele. Apenas aproveitei o momento, porém, talvez, eu estava delirando demais, ao pensar nessas possibilidades.

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