segunda-feira, 26 de julho de 2010

Dia ensolarado


Sem nada para fazer. Apenas sentada em uma cadeira, com a cabeça apoiada em uma das duas mãos, que estavam sobre a mesa. Sentindo o fraco e gelado vento, vindo da janela da cozinha, tocar suavemente as maçãs de meu rosto. Fiquei apenas pensando em algum lugar, em que eu pudesse ir e fazer algo, para não passar o resto do dia confinada em casa, sozinha entre quatro paredes.

O clima piorou e um intenso frio me atingiu e fez arrepiar cada parte do meu corpo, da mesma forma que ocorreu em um sonho que tive na noite passada. Com aquele frio, eu acabaria pegando um resfriado. Uma janela abriu-se rapidamente e fez um estrondo, que foi seguido do som do vidro se quebrando. Subi as escadas correndo, para ver o estrago. Meus olhos se arregalaram e meu coração disparou, porém logo senti como se meu sangue tivesse congelado e parado de circular pelo meu corpo. Inesperadamente, uma descarga de raiva parou sobre mim. Eu sabia quem estava por perto. Sentia sua presença e seu detestável cheiro, que afetava meu olfato e me causava certo mal-estar.

Em meio a uma chuva fina que invadiu minha casa, pude ver sua feição de tirar o fôlego. Sua beleza, principalmente seus incríveis e indecifráveis olhos azuis, faziam meu coração bater frenéticamente, de forma inexplicável, o que me irritava muito.

Quando voltei a ficar consciente, comecei a pensar no motivo pelo qual ele estivesse ali, olhando fixamente para mim, com olhos preocupados, entretanto havia algo diferente em seu olhar. Ele começou a andar em minha direção. Como não sabia o que fazer, apenas fiquei parada. Quando chegou bem próximo de mim, me olhou nos olhos e me deu um abraço. Essa atitude inesperada fez meu coração acelerar mais do que de costume. Senti meu rosto corar, pois sabia que naquele momento, ele estava escutando as batidas compulsivas e involuntárias do meu coração.

Se eu o detestava e tinha desprezp por seu cheiro, eu não podia ficar dessa maneira. Não compreendia o que estava acontecendo. Mesmo assim, o que eu mais queria naquele momento, era apenas permanecer em seus braços e sentir seu contagiante aroma, o qual, toda vez em que nos víamos, eu fazia o impossível para detestá-lo, porém meu esforço era sempre em vão. Estando abraçados, eu sentia sua respiração e seu coração pulsando de uma forma incomum.

Estava desnorteada com isso, entretanto, eu queria que esse momento nunca acabasse. Ao lembrar das diversas vezes em que conversamos e ele foi tão doce e amigável comigo, senti certa agonia e raiva de mim mesma, por ter tentado odiá-lo todo aquele tempo. Não queria sentir nada por ele, entretanto não devia ser antipática.

Enquanto fiquei perdida em meus pensamentos, não aproveitei aquele momento o suficiente. Logo ele começou a se afastar um pouco de mim, porém o puxei de volta e o abracei. Senti uma lágrima escorrer com delicadeza por minha face, provavelmente ainda corada. Cheguei bem perto de sua face esquerda, sentindo sua pele suave.

- Me desculpe. - sussurrei, em seguida outra lágrima percorreu minha face.

Paul se moveu um pouco e olhou nos meus olhos molhados. Ele passou sua mão direita suavemente sobre as maçãs de meu rosto. Isso fez meu coração pulsar frenético outra vez, sendo que há pouco ele havia se acalmado. Instintivamente, eu procurei uma forma de esconder meu rosto, porém fui impedida pelo toque de sua mão em minha face. Paul ficou mais próximo de mim, então consegui sentir sua respiração bem perto do meu rosto. Logo seus lábios macios tocaram os meus, me fazendo esquecer de tudo que estava à minha volta. Percebi que eu estava me enganando o tempo todo. Ele era o meu dia ensolarado.

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