quarta-feira, 21 de abril de 2010

Trilhos do trem



Apenas sentia o balançar, que fazia com que minhas pálpebras se cansassem, querendo mergulhar em meio a escuridão e ao silêncio, que ali lhe era aguardado. Usava todas as minhas forças para me manter à luz, porém essa era uma tarefa difícil a ser cumprida. Todavia quando comecei a prestar atenção aos inúmeros sons que ali se faziam, tanto perto quanto longe, não olhei mais os delicados e negros "fios", os quais estavam sob o meu olhar há boas horas, e sempre me acompanharam e minha longa caminhada.

Ouvia pessoas sussurando, pares de xícaras dançando em cima de uma mesa, o som do movimento do vagão sobre os trilhos e o detestável som de minha respiração. Porém não tenho culpa se peguei um resfriado, graças a alta temperatura que se faz fora do vagão.

Após um longo tempo de viagem, finalmente o trem havia parado e um intenso e interminável silêncio havia inundado o ambiente, no qual eu estava. Peguei minha bagagem e parti em direção a porta, entretanto, quando realmente olhei para fora, me deparei com um deserto em branco e fui invadida pela agonia.

Da maneira que estava iria ficar. Parada em frente a porta, dentro do trem, porém senti meu corpo ser lançado para fora. Senti o frio penetrar em mim e a neve macia, que estava sob mim. Abri um pequeno sorriso e vi o trem partindo em meio ao nada, apenas seguindo seu curso e dando uma pequena ajuda.